Círculo de Estudos - 1ª sessão
No âmbito do primeiro tema abordado no Círculo de Estudo - Conceitos, tipologias e finalidades da avaliação e da auto-avaliação, deixamos dois textos fornecidos pelo nosso formardor, Doutor João Veiga, para reflexão...
PARA QUÊ FAZER A AUTO-AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL?
A única forma que têm as instituições [educativas] de melhorar o que fazem é submeterem-se a uma rigorosa análise da sua estrutura e do seu funcionamento.
Se justificarmos tudo a partir da óptica da boa intenção (faz-se o que se pode), da rotina (sempre se fez assim) ou da má actuação alheia (a culpa é dos outros), a instituição continuará agarrada aos seus erros.
Como mudar se não nos questionamos?
Como melhorar se não pomos em causa as nossas práticas?
Como vamos transformar a realidade se não escutamos as opiniões dos destinatários das nossas actividades, se não comprovamos o que acontece com a sua aprendizagem?
Parece que o importante é que nós ensinemos [os alunos], não que eles aprendam.
As instituições precisam de analisar as suas práticas, rever a sua estrutura e avaliar o seu funcionamento. Há coisas que podem estar mal. Mas não se pode atribuir todo o insucesso a causas alheias à instituição. Haverá noutros actores uma parte da responsabilidade, mas uma boa parte dela será da instituição.
A primeira exigência para se poderem corrigir as deficiências é conhecê-las, analisá-las e compreendê-las.
A segunda é não nos conformarmos com elas.
E a terceira é tratar de corrigi-las com rapidez e rigor.
Excerto do artigo de M.A. Santos-Guerra, Balones fuera, publicado no El Opinión de Málaga, em 19/06/2010 (tradução livre)
10 Teses para sustentar a auto-avaliação das escolas
1. Os professores desempenham um papel central na construção da autonomia e dos procedimentos de avaliação da escola.
2. A auto-avaliação requer a capacitação dos intervenientes (desejavelmente desenvolvida através de dispositivos de formação na acção).
3. A produção de sentido da auto-avaliação requer a sua internalização, isto é, implica a adequação aos contextos, à realidade e às pessoas. Caso contrário, pode ser entendida como uma “inspecção” dentro da escola.
4. A internalização não se deve concentrar na equipa de auto-avaliação, pois requer o envolvimento, a participação e o compromisso de todos os actores comunitários.
5. O processo de auto-avaliação é uma produção colectiva de sentido e, por isso é, em geral, lento, metódico e consistente.
6. A auto-avaliação obriga a possuir um quadro conceptual de referência que explicite princípios, fins e critérios, métodos e técnicas, e oriente a acção.
7. Fazer uma auto-avaliação com sentido é circunscrever o objecto, diversificar métodos e técnicas e implicar os actores.
8. Auto-avaliar com sentido é não perder de vista as finalidades, saber que o essencial não é medir, mas compreender e agir para melhorar.
9. Auto-avaliar com sentido é evitar uma série de armadilhas: a do objectivismo, a do autoritarismo, a do tecnicismo e a da embriaguez interpretativa.
10. A auto-avaliação pode contribuir para a autonomização responsável, para o reacender do querer individual e colectivo, para a capacitação das pessoas e das organizações.
A concluir:
A auto-avaliação pode ser um mero ritual de legitimação do instituído se não cuidar da distância crítica, se não gerar a participação alargada, se não pluralizar os métodos.
Texto fornecido pelo Doutor João Veiga, formador deste CE e docente da UCP